| LUIZ GONZAGA PORTELLA  SANTOS ( GONZAGA SANTOS)( BRASIL – RIO DE  JANEIRO )
   Nasceu  a 4 de novembro de 1920, em São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro.Estudou no Colégio Pedro II, onde participou de intensa atividade literária,  cooperando, inclusive, na criação do Grêmio Literário João Batista de Melo e  Souza, que na época era professor de História da instituição.
 Estudou na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
 Ainda estudante escreveu seu primeiro soneto: “Profanação”.
 Publicou o livro Poemas, com quarenta poesias escolhidas. O livro foi  escolhido pela crítica com muito entusiasmo.
 Ingressou na Magistratura de carreira em 1956, tendo exercido suas funções nas  cidades de Rio Claro, Mendes, Nilópolis, Campos, Barra Mansa, Petrópolis e  Niterói.
 Em 1979 ingressou no 2º. Tribunal da Alçada.
 Depois foi Desembargador, exercendo suas funções judicantes na 2ª. Câmara  Criminal.
   
                    
                      
                        |  |  A TOGA E LIRA: coletânea  poética. Abeylard Pereira Gomes ...[et al.: apresentação por Fernando Pinto.    Rio de Janeiro: Record, 1985.  224  p.                      Ex. doação do livreiro  BRITO, Brasília
      DESPERTAR
 No  despertar da fresca madrugada,
 Morosamente  as ondas vêm bater,
 Nas  pedras sonolentas da murada.
 
 Ao longe, na penumbra doce, apenas,
 As  silhuetas que podemos ver,
 De  umas montanhas negras e serenas.
 
 Mas,  pouco a pouco, iluminando tudo
 O  grande sol desponta no horizonte,
 Arranca  o negro véu, deixa desnudo.
 
 Como  se fora o corpo de uma iara
 Qual  um verso sutil de Anacreonte,
 Todo  o quadro imortal da Guanabara.
 
 
 IDEAL DESFEITO
 
 Ideal.  Castelos sem par
 De  amor e poesia
 Que  restou?
 Melancolia.
 
 A  glória almejei
 —  Glória perene —
 Mas  veio a melancolia.
 
 Hoje,  sem glória,
 Sem  amor, sem poesia
 Só  me resta n´alma,
 Além  de cinza fria,
 Melancolia...
 
 
 
  SOZINHO
 (“Nessum  maggior dolore che ricordasi del
 tempo felice nella miséria.”       DANTE)
 
 Longe  de ti, eu sinto que definho
 E  a noite vem caindo rudemente,
 Porque estou sozinho!...
 
 Sinto  amargos ressábios desse vinho
 Que  é nosso amor tão puro e tão ardente,
 Porque estou  sozinho!...
 
 Os  teus cabelos de tão negro alinho,
 Vou  relembrando agora... e amargamente
 Porque estou  sozinho!...
 
 Em  teu amor perfídias adivinho!...
 Tu  me pareces fria... indiferente...
 Porque estou sozinho!...
 
 E  então, ferido assim por tal espinho,
 Ouço  rugir o coração fremente,
 Porque estou sozinho!...
 
 Relembro  o teu amor...
 Relembro o teu  carinho...
 
 Ouço  de longe a tua voz sonora:
 E  se junto de mim te sinto agora...
 Vou  relembrar depois que estou sozinho!...
 
 
 
 LIRA
 
 Tocai,  sinos! Tocai!
 Mas  não com o bimbalhar sonoro
 Dos  dias festivos...
 Dobrai!
 Dobrai  pela morte de um anseio.
 Do  meu anseio.
 Tocai.
 Dobrai.
 Que  morre uma ilusão.
 Promessa  vã... promessa!
 Antegozo...
 Tocai  sinos de minh´alma... dobrai.
 
 
 *
 
 VEJA e LEIA outros poetas do RIO DE  JANEIRO em nosso Portal:
     http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/rio_de_janeiro.html
             Página  publicada em julho de 2023       
 |